December 3, 2007

Daqui de cima

Daqui, do alto de um prédio qualquer do Maculusso, observo a cidade ser envolvida por um calor que deixa tudo apático e sonolento, o dia brilha sua luz intensa e cheia de polaridades. As nuvens do cassimbo agora são uma lembrança distante. Lá embaixo, sob o sol nervoso, as zungeiras destilam conversas enquanto calmamente vendem frutas, imunes a tudo. Passantes observam e seguem os seus destinos diários. Um homem de fardo azul escuro sonha com a neve sob o sol de 40graus. Perto do Natal todos os sonhos costumam virar realidade, mesmo aqui, em Luanda, onde tudo é beleza e caos, e onde esses elementos se alinham numa métrica única, numa dissonância quase melódica. Cada passo da multidão lá embaixo é um metrônomo que rege essa musica urbana feita de torres, guindastes, tratores, máquinas e gente apressada. São apenas 4 horas desde o último sono, despertado ainda cedo, mas, lá embaixo, a cidade. Essa realidade que carrega um grau de distopia tão grande, uma anomalia social de difícil entendimento. Nessa interzona, onde emoções e sentimentos se constroem e se desfazem com uma rapidez vertiginosa, os olhos são levados a caminhos que desaguam em outros e outros tornando-se muitas vezes dúvidas e labirintos, mais do que certezas. Mas lá embaixo, a cidade. E só a cidade. André Urso, blablablog



Não o conheço pessoalmente, mas sou fã de carteirinha. Esse cara é uma mente brilhante de palavras doces. Meu blog Angolano de leitura diária. Freaky fan!

1 comment:

Anonymous said...

A Deus Benguela

A Deus, a Deus Benguela!
Mal de ti jamais direi
Da o mundo muita volta
Näo sei se cá tornarei

Ja cá estou na Europa
Näo me sinto aqui feliz
Muita gente á minha volta
Mas ninguém me fáz feliz
Que saudades täo sentidas,
Me custou, esse adeus
Que te dei à despedida
Fintando os olhos nos teus

Sou homem que quer chorar
E me sinto envergonhado
Choro e canto
Cancöes tuas tropicais


tudo isso è um incanto

Ajoelhei junto à praia
E posto aos pés de Benguela
Ela è um incanto
Fui pedir-lhe o seu amor…
Benguela suavamente sorria…

Benguela dá-me um beijo,
ai, näo me digas que näo
dá-me um só
para traze-lo
gravado no coracäo

Bamza Pombo